Somos todos Alice
Alunos de Edificações dão novo sentido à história de "Alice no País das Maravilhas”
Uma das obras literárias mais conhecidas do século XX, adaptada inúmeras vezes para o cinema e teatro, “Alice no país das maravilhas” foi interpretada nesta quarta-feira, 07, sob a visão dos alunos do 1º ano do curso técnico em Edificações integrado. Quem esperava ver a personagem principal se divertindo no palco, teve uma grande surpresa. Interpretada pela estudante Ana Laura Ribeiro, a menina Alice, trouxe a mensagem de uma jovem deprimida, vítima do abuso do pai e, que para esquecer as agressões, acaba se vendo num mundo de fantasia. “Tivemos muitos ensaios, foi difícil atuar essa peça, ter que sentir como é estar na pele de uma pessoa assim, mas foi muito bom tudo o que a turma conquistou”, contou Ana.
Para o professor de Artes, Emerson Simões, temas como assédio e abuso sexual não devem ser um tabu nas famílias. “Esses jovens vieram para o palco trazer uma mensagem que talvez muitos pais não esperavam, que talvez nunca tenham conversado com os filhos. Talvez eles saibam mais dessas histórias do que gostariam, mas não tem coragem de falar em voz alta para os próprios ouvidos não perceberem que estão falando, tamanha a gravidade do assunto. Mas precisamos discutir, debater, falar sobre isso. Falar que existem pessoas diferentes no mundo e é isso que torna o ser humano especial. Eles vêm para esse palco mostrar o que de mais humanos eles têm”.
Depois de escolherem o texto que seria interpretado e receber as orientações do professor de artes, todo o trabalho ficou por conta dos alunos. Eles se organizaram, definiram quem seriam os atores, os diretores da peça, quem cuidaria do som, do figurino, maquiagem, cenografia. Atualizaram o texto de acordo com a mensagem que queriam passar, ensaiaram e, levaram ao palco um espetáculo emocionante. Foram 13 trocas de cenários, na mais perfeita sincronia com a sonoplastia e iluminação.
“A gente aprende mais com eles do que eles com a gente. É incrível, pela idade deles, a maturidade, a responsabilidade que eles têm. Eles criaram tudo sozinhos. Eu jamais imaginava, que eu fosse conseguir na minha vida profissional sentir esse carinho de pessoas tão maravilhosas. Estou feliz e muito orgulhosa”, disse a coordenadora do curso, Fabiana Cotrim.
E o final? Quem esperava ver a menina saltitante, surpreendeu-se ainda mais com a mensagem de que é preciso se olhar para os problemas dentro de casa. A falta de diálogo pode levar ao suicídio. E com a #somostodosalice, os alunos chamaram a atenção para outros temas atuais, fortes e que ainda são tabu em muitas famílias como a homossexualidade e o preconceito de raças. “Foi surpreendente a peça. Todos ficaram impressionados com o profissionalismo dos alunos. Parecia que estávamos numa peça profissional mesmo. Eles levaram muito a sério. Nós que acompanhamos de perto vimos o quanto eles se esforçaram e realmente foi muito importante o tema tratado e a mensagem que ele trouxe pra gente”, disse a irmã de uma das jovens atrizes, Marrie Claire Zanin Carvalho.
A apresentação fez parte do 4º Festival de Artes Cênicas do IFSULDEMINAS - Campus Pouso Alegre.
Ascom/Campus Pouso Alegre